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Mentes perversas
Entenda mais sobre as pré-disposições para cometer crimes violentos e saiba como agem as mulheres que matam; a especialista em assassinatos Ilana Casoy fala sobre o intrigante universo do crime

Por Pamela Cristina Leme

Até quando o assunto é assassinato, as mulheres são mais sensíveis. Elas são notoriamente bem menos violentas que os assassinos masculinos. Quando matam, costumam dispensar as armas de fogo e raramente usam armas brancas ou cometem um homicídio de caráter sexual. Preferem investir em métodos mais discretos, como o veneno, por exemplo. Além disso, como em várias outras questões que envolvem as diferenças entre homens e mulheres, elas são mais metódicas, atenciosas e cuidadosas.

As mulheres assassinas planejam o crime meticulosamente e de uma maneira sutil, por isso são verdadeiros quebra-cabeças para os investigadores. Por essa peculiaridade inteligente, conseguem levar mais tempo para serem descobertas pela polícia e identificadas como autoras da barbárie. Em entrevista ao Guia da Semana, uma das maiores especialistas brasileiras em assassinos, a escritora e pesquisadora Ilana Casoy, autora de três importantes livros sobre o assunto - "O Quinto Mandamento - Caso de Polícia" (que aborda Suzane Von Richthofen), "Serial Killers Made in Brazil" e "Serial Killers - Louco ou Cruel?" -, conta que, segundo estudos americanos, 80% das mulheres matam por envenenamento. As causas costumam envolver uma série de fatores que precisam ser analisados com cuidado. "Alguns casos são raros, como o da prostituta americana Aileen Wuornos, que já foi executada. Ela assassinava seus clientes com arma de fogo. Por isso eu acredito no estudo de todo o conjunto de causas e não em uma resposta só", diz.

De acordo com ela, cada caso apresenta particularidades e, por isso, diferentes conclusões. Muitos criminosos buscam através da consumação da fantasia e do ritual de matar o controle e o poder sobre a vítima. Mas estas nem sempre são as razões. Na maioria das vezes, a motivação é sexual e a justificativa para o crime pode ter origem em algum motivo psicológico obscuro que só faz sentido para quem assassina. Estes atributos, inclusive, valem tanto para homens quanto para mulheres. "Para Marcelo Costa de Andrade, que entrevistei para compor ´... Made in Brazil´, um matador de 13 meninos em Niterói, a motivação era a libertação das crianças que tinham uma vida como a que ele teve, menino de rua abandonado e abusado", exemplifica.

No entanto, a autora sinaliza que, enquanto as mulheres se deprimem quando sofrem uma violência, os homens se revoltam e por isso a reação entre os sexos é diferente. "Quando a mulher tende a se deprimir, ela não tem a raiva necessária para se cometer um ato violento", enfatiza. Por isso, algumas mulheres se casam com o intuito de matar o companheiro e obter lucro financeiro, outras resolvem abreviar a vida daqueles que acham que vão morrer de causas naturais e, assim, agem em hospitais ou matam idosos em casa. Existem ainda aquelas que ficam obcecadas por ódio e ciúmes e que matam seus parceiros, além das assassinas que atuam em dupla ou grupo. "Temos também as chamadas insanas ou incompreendidas, que são definitivamente culpadas de seus crimes, mas que não sabem distinguir o motivo dos seus atos", ressalta Casoy.

Em geral, é improvável reconhecer um assassino ou assassina com antecedência. Particularmente os assassinos em série (serial killers), que se envolvem na maneira de agir das pessoas que matam - as vítimas, escolhidas cuidadosamente (diferente dos assassinatos em massa, quando várias pessoas são mortas de uma só vez e não há preocupação do culpado sobre a identidade delas), são mortas dentro de um intervalo de tempo e costumam ser características ou estilos de vida parecidos (como policiais, garotas de programa, homeossexuais, por exemplo).

"O criminoso não tem cara, não tem jeito, não tem estereotipo. A psicopatia, o transtorno anti-social que eles sofrem, é uma perturbação que faz o indivíduo entender com a razão o que está fazendo, mas não com a emoção - ele não tem controle sobre seus desejos", garante Ilana Casoy. Ela enfatiza que, no dia-a-dia é impossível notar essa diferença, já que o assassino aprende a lidar com essa particularidade e a construir uma espécie de "fachada".

A pesquisadora salienta que a psicopatia ainda não tem cura, portanto não existe um tratamento específico no mundo que recupere esses indivíduos. "Quando tratado com as terapias convencionais, o psicopata aprende a manipular melhor, a enganar melhor e a escapar melhor", condensa. As poucas pessoas que conseguiram escapar das mãos de assassinos em série, por sinal são aquelas que, de alguma forma intuitiva, fizeram com que eles as enxergassem como pessoas e não mais como objetos da fantasia dele. "Mas temos que considerar a dificuldade que qualquer vítima tem de manter a sanidade ao cair nas mãos de alguém que não a enxerga como pessoa, para quem ela apenas faz parte das realizações de terríveis, cruéis e sádicas fantasias".

Membro do NUFOR (Núcleo de Pesquisas e Estudos em Psiquiatria Forense e Psicologia Jurídica do Instituto de Medicina do Hospital das Clínicas de São Paulo) desde 2002, a profissional afirma que divulga o trabalho que tem desenvolvido sobre criminosos em todo país. Ela acredita que, no Brasil, essa é a instituição mais bem preparada para pesquisar esses casos. "Tenho excelentes oportunidades de pesquisar e estudar esse assunto, já que estou integrada numa equipe multidisciplinar composta por psicólogos e psiquiatras forenses, médico-legistas, promotores de justiça e advogados que estudam todas as facetas do crime", garante. Desde a leitura e acompanhamento de inquéritos policiais e laudos de insanidade, até o momento em que o indivíduo está no processo do julgamento, Ilana mergulha em cada detalhe dos casos investigados.

Com toda experiência angariada ao longo dos anos de pesquisa sobre o assunto, ela tem uma certeza: "assassinos são pessoas que só se arrependem por si mesmos, jamais pelas vítimas".

Conheça algumas das maiores assassinas de todos os tempos
Elizabeth Bathory
Quando assassinou: Entre 1600 e 1611, na Hungria
Quantos matou: Entre 40 e 600
Os crimes: A condessa era interessada por magia negra e acreditava que ficaria jovem para sempre... desde que tomasse banho em sangue humano! Ordenava o rapto de garotas de vilarejos próximos para assassinar e usar o sangue das vítimas. Foi presa em 1610.
Mary Ann Cotton
Quando assassinou: Entre 1852 e 1872, na Inglaterra
Quantos matou: Entre 15 e 21
Os crimes: Ela matava suas vítimas envenenando-as com arsênico. Matou todos os maridos e boa parte dos filhos. O objetivo era ficar com o seguro deixado pelos maridos mortos, eliminando possíveis herdeiros rivais. Foi enforcada em 24 de março de 1873.
Marybeth Tinning
Quando assassinou: Entre 1972 e 1985, nos Estados Unidos
Quantos matou: 9 ou mais
Os crimes: Todos os seus nove filhos foram hospitalizados às pressas e acabaram morrendo. Mas ela confessou ter sufocado apenas três bebês. Condenada em 1987, cumpre pena em NY. Em 2007, um juiz irá decidir se concede liberdade condicional.
Marie Noe
Quando assassinou: Entre 1949 e 1968, nos Estados Unidos
Quantos matou: 8
Os crimes: Teve dez filhos que morreram um depois do outro. Confessou ter asfixiado quatro deles, mas as provas indicavam que era culpada pelo assassinato de pelo menos oito. Em 99, um júri considerou que ela sofria de problemas mentais e a condenou a 20 anos de prisão.
Belle Gunness
Quando assassinou: Entre 1900 e 1908, nos Estados Unidos
Quantos matou: Mais de 40
Os crimes: Os dois maridos morreram subitamente, além de uma sogra, dos filhos e de diversos amantes. Segundo investigações, envenenou boa parte das vítimas. Em 1908, sumiu depois de um incêndio em sua fazenda. Nunca foi encontrada.
Rosemary West
Quando assassinou: Entre 1977 e 1987, na Inglaterra
Quantos matou: Pelo menos 10
Os crimes: Estuprada na adolescência, virou serial killer quando conheceu o marido Fred West. Por dez anos, torturaram, violentaram e mataram garotas desabrigadas. Assassinaram também as duas filhas. Condenada à prisão perpétua em 95, ela cumpre pena até hoje.

Fonte: http://www.guiadasemana.com.br/noticias.asp?ID=15&cd_news=16987&cd_city=&MSN=1


Enviado à mailing por Naomi em 18-07-2006