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..:: 'Cai o Pano' em nova edição ::..

Baú de novidades
26/02 - 09:00

Rio, 24 de Fevereiro de 2006 - Para celebrar os 40 anos de fundação, a editora Nova Fronteira criou a Coleção 40, que irá publicar, claro, 40 títulos, entre romances, ensaios e poemas. A coleção vem dividida em quatro lotes. O primeiro, com 12 títulos, e o segundo (seis títulos) já estão nas livrarias; o terceiro está sendo lançado neste mês, com seis livros; o quarto, totalizando 16 títulos, está previsto para março. A edição comemorativa, com tiragem de 4 mil exemplares cada título, integra o acervo, composto por clássicos da literatura brasileira e mundial, em vário gêneros, da editora fundada por Carlos Lacerda em dezembro de 1965.

Lacerda, aliás, integra o primeiro lote com "A Casa do Meu Avô". O livro é uma recherche do tempo perdido, uma volta emocionada à infância. Na apresentação, José Sarney disseca as faces do jornalista e do polemista que na França era chamado de tombeuer de présidents: "A palavra, escrita ou falada", acentua Sarney, "era uma arma, a famosa ‘metralhadora giratória’ que atingia a quem estivesse na frente...".

"Código dos Homens Honestos", de Balzac, vem logo depois. Publicado em 1825, o livro está (infelizmente, pelo contexto) superatual, trazendo as diversas formas ilegítimas de obter dinheiro.

Outro francês, Albert Camus, integra a coleção com um romance inacabado, "O Primeiro Homem". O autor estava escrevendo este livro quando morreu em um acidente de carro, em 1960. A infância do escritor e a Argélia estão aqui magistralmente retratados. Apresentação de Manuel da Costa Pinto.

A França ainda está representada na coleção por mais dois autores, Jean Genet e Marguerite Youcenar. Esta, considerada a "grande dama da literatura francesa", assina um clássico contemporâneo, "Memórias de Adriano", uma biografia romanceada do imperador romano que marcou época pela cultura e ousadias na área da cidadania. O livro, aliás, supera o que se poderia chamar, simplesmente, de biografia - existe, aqui, todo um processo de minuciosa e impecável reconstituição histórica.

Jean Genet é o submundo francês pontilhado de poesia e erotismo em "Diário de um Ladrão". Um tema recorrente em outros romances seus, assim como em suas peças de teatro. Escatologia e misticismo ganham novas e terríveis dimensões nas mãos desse homossexual assumido que, por diversas vezes, foi encarcerado por furtos e "atos imorais" em vias públicas. Todos os marginais são acolhidos com piedade na ficção do autor que soube, como ninguém, retratar a alma das prostitutas, travetis, assassinos e homossexuais.

"Diário de um Ladrão" vem dedicado a Sartre e a Castor (apelido de Simone de Beauvoir). Sartre, aliás, assina a introdução e diz, em determinado momento do texto, que "Genet fala de Genet sem intermediários". A apresentação fica por conta de Ruth Escobar, que produziu, no Brasil, algumas peças do autor, entre elas, "O Balcão". Ela conta que Genet esteve pela primeira vez no País em plena ditadura militar, 1977, e ficou hospedado em sua casa. Alternava mau humor e explosões súbitas de alegria. Não quis receber os integrantes do Living Theatre. Nem Julian Beck e Judith Malina. Não estava mais interessado em teatro; seu negócio, na época, era a política. Ruth Escobar conseguiu levá-lo para visitar presos políticos no presídio Tiradentes, os dois com nomes falsos.

João Ubaldo Ribeiro também está no pacote dos 40 com "Sargento Getúlio". Além disso, "Viva o Povo Brasileiro" recebeu edição comemorativa, em separado, e vem apresentado por Geraldo Carneiro. Ele coloca o livro entre aqueles chamados de fundadores, "cuja complexidade é o simulacro do mundo". "Sargento Getúlio" traz introdução de Moacyr Scliar, que revela ser o romance inspirado em um "episódio ligado à infância do autor".

Guimarães Rosa, com todo o seu peso de inventor de histórias e palavras, situações e fusões de raízes lingüísticas, integra a coleção com "Primeiras Estórias" (notar que, como era típico do humor roseano, "Segundas Estórias" saiu primeiro). No volume está o conto "A terceira margem do rio", que Nelson Pereira dos Santos filmou em 1993.

Ana Maria Machado surge com "O Tropical Sol da Liberdade", que marca o Brasil pós-64 sob um criativo e duro viés feminino. Aqui estão a tortura institucionalizada, a luta armada e a morte do estudante Édson Luís. É a vida real embrulhada como ficção de horror.

E mais: Manuel Bandeira, com "Libertinagem & Estrela da Manhã". Bandeira abandona aqui suas pegadas pós-simbolistas e chega à maturidade. Josué Montello, com "Os Tambores de São Luís", uma saga dos negros, da África ao Brasil, em imundos navios negreiros, banzos e doenças. Agatha Christie, com "Cai o Pano". No livro, o detetive belga Hercule Poirot resolve o último caso de sua carreira, voltando ao local onde solucionou os primeiros crimes de sua carreira. A tradução impecável e substantiva é de Clarice Lispector. Há por fim, a jóia da coroa: "42 Sonetos de Shakespeare", organizado e traduzido por Ivo Barroso. Dispensa apresentações.

(Gazeta Mercantil / InvestNews)
(Duílio Gomes - Jornalista e escritor)

Fonte: http://www.investnews.com.br/ultimasnoticias/default.asp?id_noticia=581148&id_editoria=2239


Enviado à mailing por Naomi em 26-02-2006