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"Bolivian News - Diário de Bordo"
CAPÍTULO 5 - I'm alive, people!


Depois de alguns dias de tensao, finalmente a paz retorna ao território Boliviano. Como voces já devem saber, a renúncia do presidente foi decisiva para apaziguar os animos, pois o país estava caminhando para a guerra civil.

Na sexta-feira, passei por dois sustos:

O primeiro foi quando descobri que a molecada tinha escangalhado o teclado do computador (ces devem imaginar como piquei p...). Nao é só na mansao que as crianças quebram e escondem nossas coisas... Esse foi o motivo que me levou a permanecer ausente da mansao durante esses dias.

O segundo susto foi quando o pessoal chegou dizendo que as marchas de campesinos do norte do país estavam chegando a Santa Cruz, para forçar as manifestaçoes de protesto contra o governo e, principalmente, a venda de gás para o exterior via Chile, inimigo histórico da Bolívia, para o qual perderam a saída para o mar há mais de 150 anos.

No início, pensei que seria exagero dos "cambas" (alcunha dos cruzeños), e inclusive me aventurei a uma ida ao barbeiro para cortar as madeixas pela manha. Nem bem voltei ao trabalho, estavam todos grudados na televisao, que mostrava a marcha dos revoltos rumo a praça central de Santa Cruz. Os "cambas" montaram barreiras para impedir a entrada dos "colhas" (alcunha dos paceños e cochabambinos), que os odeiam mais do que nós, corinthianos, odiamos os palmeirenses. As barreiras nao suportaram a multidao, e em poucas horas havia uma massa de quase 10 mil pessoas na praça central.

Como era de se esperar, iniciou-se um quebra pau generalizado, que só nao se tornou num massacre histórico por atuaçao Divina. Nao dá pra pensar outra coisa, vendo as cenas de guerrilha. Esse fato fez com que o dia 17 de setembro (coincidentemente o dia em que completava 1 nes de Bolívia) se tornasse histórico, com a renúncia, sem outra alternativa, do presidente da república (diga-se de passagem, um nojento Boliviano que fala espanhol com sotaque americano, como se tivesse nascido lá. O povo odiava ele e já queriam seu pescoço numa bandeja. Ele deixou uma carta de renúncia e fugiu pros EUA).

As 11 da noite o vice-presidente já estava empossado, e os revoltos iniciaram a volta para seus locais de origem. Como que por encanto, o dia seguinte nao mostrava nem sinais do conflito do dia anterior (nao se pode dizer o mesmo para aqueles que tomaram um pau feio no confronto!).

Passei um final de semana ocupado, dando aulas todos os dias (obrigado pelos parabéns do dia do professor), inclusive domingo, e iniciando os preparativos para esta última semana de Bolívia. Por isso nao tive tempo de ir a um cyber para escrever para voces, queridos amigos, mas a Lu (minha) me falou do telefonema da Lu (Bertini) e fiquei feliz por saber da preocupaçao de meus amigos!

Hoje compraram um teclado novo, e cá estou, Leo Phoenix, renascido das cinzas para o conforto da nossa querida mansao (obrigado, George, pelo brandy... Estava mesmo precisando!).

Como a Lu disse, estarei chegando a nossa querida terrinha dia 28/11, cheio de saudade e com a corda toda para começar a escrever meu conto, que estou pensando SERIAMENTE em transformar em livro. Na verdade, numa série. Isso mesmo, penso em escrever histórias passadas no Japao, Sri-Lanka e Bolívia, países onde já estive e, sempre, estavam passando por alguma crise política ou social digna de ser citada mescladas numa obra de ficçao bem ao estilo Jo Soares. Se for pra Costa Rica, já serao quatro! Que que voces acham da idéia?

Well, já escrevi demais, pra compensar a ausencia desses dias, e vou descansar.

Um abraço com gostinho de "I´m back",
LEO (O Sobrevivente)

Enviado à mailing por Leo em 21-10-2003